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Chega de desinformação! Com saúde e ciência não se brinca.

É assustador encontrarmos páginas públicas e de secretarias de saúde espalhando desinformação sobre saúde! Parece que a pandemia de COVID-19 não nos ensinou muita coisa sobre a importância da análise criteriosa da ciência e de responsabilidade na divulgação nas mídias digitais.

A Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, hoje, fez uma publicação que promove desinformação para a população, no seu Instagram. Precisamos iniciar uma reflexão sobre a cultura do “check-up”. Fazer exames com o objetivo de caçar doenças em pessoas sem sintomas nem sempre é sinônimo de prevenção, e pode até causar problemas. Esse hábito tende a aumentar a iatrogenia, ou seja, os danos causados à saúde pelas próprias intervenções médicas.

“O problema não é o exame, necessariamente, mas a estratégia. Procurar por uma doença cardiovascular em um paciente sem sintomas e de baixo risco é uma estratégia de baixíssimo sucesso, que traz um possível falso positivo, além de tratamentos desnecessários a partir disso”, como explica a Choosing Wisely, iniciativa para engajar e ajudar médicos e pacientes em diálogos sobre excessos de diagnósticos e terapêuticas.

Isso não quer dizer que não existam exames e rastreio necessários e bem estabelecidos. Como o colpocitológico de colo de útero, ou exame de preventivo, que deve ser realizado por pessoas identificadas pelo sexo feminino ao nascer, entre 25 e 64 anos. Ou mesmo os rastreios de lesão de orgão-alvo anuais para pacientes que apresentam hipertensão ou diabetes.

Porém, não existe qualquer evidência científica que indique combos de check-up irrestritos para população saudável com um sem-número de exames.

Nós, médicas e médicos de família e comunidade, temos na essência da nossa formação a prevenção quaternária, a escuta qualificada do paciente, o diálogo e a decisão compartilhada, sempre com o horizonte das evidências científicas na tomada de decisão.